Simplesmente o criador mais famoso e importante do mundo dos quadrinhos. É verdade que há algumas controvérsias por aí, mas Stan Lee é, sem dúvida, um revolucionário das HQs e injetou nova vida ao gênero dos super-heróis, tão em voga nos dias de hoje. E ele está fazendo 90 anos neste dia 28 de dezembro.
Após criar personagens – ao lado, principalmente de Jack Kirby e Steve Ditko – como Homem-Aranha, Homem de Ferro, Thor, Quarteto Fantástico, X-Men, Hulk, Demolidor, Os Vingadores e desenvolver histórias clássicas com estes mesmos super-heróis, Stan Lee permanece na ativa até hoje trabalhando em várias mídias como cinema, games, quadrinhos e desenhos animados. Lee é um dos últimos grandes criadores das HQs ainda vivo e é um verdadeiro símbolo desta indústria.
O nome verdadeiro de Stan Lee é Stanley Martin Lieber e ele nasceu em 28 de dezembro de 1922, em Nova York. É filho de Celia Solomon e Jack Lieber, dois imigrantes judeus vindos da Romênia. A família de Lee era bem pobre e seu pai estava quase sempre desempregado, principalmente após a depressão de 1929. Durante a infância do garoto, os Lieber viveram em lugares de famílias pobres, de baixa renda. Quando viviam em Washington Heights, em Manhattan, nasceu Larry Lieber, irmão mais novo de Stan. Algum tempo depois, eles se mudaram para o Bronx, onde o filho mais velho começou a estudar na escola DeWitt Clinton High School.
Stan sempre gostou do ler e isso o levou a escrever, o que já fazia quando era adolescente. Para ganhar um dinheiro extra, o menino escrevia obituários para os jornais e também comunicados à imprensa para a National Tuberculosis Center. E não era só isso: Lee entregava sanduíches no Rockefeller Center, foi office-boy, lanterninha de cinema e até vendia assinatura para o jornal New York Tribune.
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Assim que se formou no colégio, em 1939, Stan recebeu a ajuda de seu tio Robbie Solomon para conseguir um emprego de verdade. Solomon era cunhado de Martin Goodman, dono da Timely Comics, que mais tarde seria a Marvel. Goodman era casado com Jean, prima de Stan. Lee se tornou um assistente e foi contratado oficialmente por Joe Simon, o homem que criou o Capitão América. E foi justamente para este personagem que o rapaz escreveu sua primeira história, publicada em Captain America Comics número 3, em 1941. Ele assinou já usando o nome Stan Lee. Nesse seu primeiro momento na Timely, Lee criou alguns personagens como o Destroyer, Jack Frost e Father Time.
Algum tempo depois, o desenhista Jack Kirby e o editor Joe Simon se desentenderam com Goodman e deixaram a empresa. Assim, em 1941, Stan Lee assumiu como editor interino e, logo em seguida, se transformou no editor chefe. Cargo que ocupou até 1972.
Em 1942, o rapaz entrou para o exército e fez apenas serviços internos de comunicação. Nada pesado e ele mesmo define este período como uma espécie de diversão. Em 1945, Lee retorna para os quadrinhos. Mas as coisas não estavam mais tão bem para as HQs nos anos 50. Os gibis sofreram uma forte caçada moral que acusava a mídia de mostrar violência e imagens ligadas ao sexo. Surge aí o Comics Code, que estabelece censura nas revistas. Isso desagradou muito Lee que vinha escrevendo histórias de vários gêneros como faroeste, ficção científica, horror, suspense etc. Mesmo com tanta produção, Stan estava pensando em deixar as HQs e se dedicar a alguma outra carreira.
Mas é aí, no final dos anos 50, que a DC ressurge com força total resgatando os super-heróis do passado. O responsável por isso foi o editor Julius Schwartz. Como os personagens estavam fazendo sucesso, especialmente a Liga da Justiça, Martin Goodman deu a Lee a missão de fazer algo parecido. Stan não tinha nada a perder, afinal estava querendo abandonar esta carreira e por isso resolveu dar uma última chance (também graças aos pedidos de sua esposa). Sabendo do pedido de Goodman, Jack Kirby deu a Stan Lee a ideia de criar super-heróis com falhas. Personagens cujos poderes não fazem sumir seus problemas de relacionamentos e de dinheiro, por exemplo. Isso era uma mudança grande na época, já que os heróis da DC eram todos praticamente perfeitos e sem grandes vulnerabilidades.
Com esta mudança, surgiram super-heróis com grande apelo junto ao público adolescente, heróis com dúvidas existenciais, com problemas do dia a dia, com dificuldades para conquistar namoradas e também com outras qualidades como orgulho, inveja e coisas do tipo. Assim, nasce o Quarteto Fantástico, grupo que veio para ser a contrapartida da Marvel à Liga da Justiça. Já aí, em 1961, havia uma grande diferença de conceito: a equipe liderada por Reed Richards era formada por pessoas comuns que foram atingidas por raios espaciais e ganharam superpoderes. Mas Ben Grimm, o Coisa, por exemplo, não gostou no que se transformou. Johnny Storm usava seus poderes para se exibir para as menininhas. O Homem-Aranha, em 1962, era a própria representação da adolescência: tinha superpoderes mas era tímido, se dava mal com as garotas, vivia se virando para arrumar dinheiro e morava com a tia.
Vale lembrar que Stan Lee não pode ser considerado o único pai de todos estes grandes personagens. Eles foram uma cocriação entre Stan e Jack Kirby na maioria dos casos. O Homem-Aranha, foi feito usando Steve Ditko como parceiro. E nesse ponto há algumas discussões entre historiadores dos quadrinhos. Vários defendem a tese de que os desenhistas – em especial Jack Kirby e Steve Ditko – têm muito mais importância na criação de vários super-heróis do que normalmente se considera. Boa parte dessa discussão vem do método de trabalho adotado por Lee para criar tantas histórias ao mesmo tempo. Funcionava assim: Lee se reunia com o desenhista e traçava as linhas gerais da história que tinha em mente. O artista, por sua vez, já fazia as artes mesmo sem ter o roteiro pronto. Ou seja, Kirby ou Ditko ou qualquer outro, meio que imaginava o roteiro. Quando a arte estava pronta, Lee preenchia os diálogos dos balões. Assim, não dá para dizer que a história era apenas de Stan, era dele também. Mas isso, obviamente não tira os méritos de Lee que, sem dúvida, é um dos maiores criadores da indústria do entretenimento.
STAN LEE MODERNO
Embora não esteja mais ligado à Marvel, Stan Lee ainda é uma figura importante para a editora. Em 1981 mudou-se para a California para desenvolver filmes e seriados com os personagens que ajudou a criar. Em 1998, surge a Stan Lee Media, uma empresa criada por ele próprio em sociedade com o advogado Peter Paul. A intenção era desenvolver personagens para a internet e levar para a TV. A companhia foi à falência em 2001 e houve um escândalo de manipulação de ações na bolsa, mas o crime foi creditado exclusivamente a Paul.
Além de fazer participações especiais em praticamente todos os filmes da Marvel nos cinemas, Lee também vem desenvolvendo diversos projetos. Aliás, vários deles não têm nem de longe o brilho do que ele fez no passado. Entre os mais conhecidos estão Stripperella, desenho animado com uma heroína sensual que usa a imagem de Pamela Anderson. Mais recentemente, Stan criou super-heróis – Soldier Zero, Starborn e The Traveler – para a editora Boom Studios. Outro projeto anunciado e que não saiu do papel foi The Governator, um super-herói vivido por Arnold Schwarzenegger que teria desenho animado, quadrinhos e videogame. Foi tudo por água abaixo após o escândalo conjugal do ator. Stan também trabalhou para a DC Comics, em 2001, numa série chamada Just Imagine. Aqui, os principais personagens da editora foram reimaginados por Lee.
Como falamos, todos estes trabalhos e vários outros não chegam aos pés do que Stan Lee fez nos anos 60 e 70 na Marvel. Mas isso pouco importa. O nome desse senhor de 90 anos está escrito para sempre na história dos quadrinhos e da cultura do século 20. E é assim que será lembrado. Parabéns, mestre.
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